( ? ) o diferente nos atrai
mas o olhar estanca ( ! )
TODA PALAVRA NUA, É BRANCA.
Me nego a uma vida insípida. Preciso da energia das cores e da beleza das flores
do voo dos pássaros, da carícia do vento, da solidão dos cometas, da esperança da luz, do sal dos mares...
Preciso do poema e da poesia
dos versos, dos átomos, da poeira, das partituras, das notas musicais...
Preciso do caminho, do deserto e da montanha
dos bosques e dos bichos - preciso me sentir viva e ser parte do cio da natureza...
eu nasci antes de todos os tempos
antes do sobressalto
antes do despertar
antes da consciência humana ejacular o perfume da vida
nada eu sabia
e todas as duvidas se fizeram
e o inverno e o verão se aproximaram de mim
pela primeira vez evoquei o instinto
e conheci a noite e a necessidade de visitá-lo e ao seu perfume
apetitoso
ainda assim
eu nada sabia____________________era o silêncio da voz
no esquecimento severo das terminações do corpo
a singular vestimenta que aniquila o olhar
e a necessidade de inventar a nudez - reverdeceu
entorpeceu o meu olhar no claro / escuro
e um semideus em explosão de cores bebeu as horas
das minha pálpebras vermelhas
imagem: Vestígios
aquarela s/ papel Canson
Luciah Lopez
o olho desta solidão me acorrenta a velhas fantasias de carnaval
e o tempo é bruma leve carregada de paixões
sussurrando aos meus ouvidos _________ frases desconexas
risos de bocas falsas
palavras de principio e fim
e tudo que eu quero
é o lugar que a alma deseja_______ou um gole de absinto
e o tempo de me apaixonar pela alegria
de viver...
mas o punhal que sangra a pele
é afiado como as coisa da vida
e eu já não estou em mim ______ vou a nocaute!
de peito nu e mãos atadas
meus pés descalços na rua deserta
em cada esquina - um evangelho
uma boca e um olho e a ignorância
de cada tempo a contemplar os olhos meus
e a saliva escassa impede o beijo que vou beijar...
imagem: Sem titulo
Luciah Lopez
AO
VENTO
Com
as mãos nuas escavo a terra
sangro
um verso
qu'escorre
no lume do olhar
feito
clarão de fogo fátuo
Nasce
em mim
estranha
existência
um
sonambulismo
que
aos poucos desvanece no horizonte
onde
o abandono se faz necessário
no
laço de um abraço que se desfaz
E ao
vento da noite
o
meu verso é necessário
enquanto
eu silencio a voz
e
adormeço num casulo
a me
perscrutar...
imagem: Flor do Campo
aquarela sobre papel
Luciah Lopes